Lesões esportivas no futebol


O futebol chegou ao Brasil em 1894 pelo brasileiro Charles Miller, filho de ingleses, que desembarcou em São Paulo com duas bolas de couro e as regras aprovadas pela Football Association. A primeira partida foi realizada em 1895, entre empregados ingleses das companhias de gás e de transporte ferroviário. Em 1910, surgiram clubes e federações por todo o país. Cada estado começou a realizar seu próprio campeonato, despertando interesse do público e da imprensa. Em 1914, criou-se a Federação Brasileira de Sports e, dois anos depois, a Confederação Brasileira de Desporto (CBD). Durante quase quarenta anos o esporte foi exercido por amadores, estudantes, empregados de companhias e jovens de nível social elevado. Em 1933, oficializou-se no Rio de Janeiro e em São Paulo, o profissionalismo (LIMA, 2002).

Segundo Ribeiro e Costa, (2006), por se tratar do esporte mais popular no mundo e no Brasil, tem despertado grande interesse cientifico, com especial enfoque no estudo das lesões. Silva et al (2008), comentam que o futebol é atualmente considerado como uma das modalidades desportivas onde o risco de lesão é mais elevado, fato confirmado por vários estudos que têm mostrado uma grande incidência de lesão no futebol.

Lesão esportiva é definida como qualquer acometimento físico que resulte no afastamento do jogador, seja de uma partida ou de um treino, independentemente da maior ou menor necessidade de atendimento junto à equipe médica ou do tempo de afastamento das atividades do esporte (IKEDA; NAVEGA, 2008). Como afirma Bahr et al (2003 apud ATALAIA, 2009), lesão desportiva é um nome coletivo para todos os tipos de lesões suscetíveis de ocorrerem no decurso de atividades desportivas.

O futebol da atualidade é dinâmico, o atleta quase não pára, devendo ter:

1º) eficiente sistema transportador de oxigênio;
2º) boa capacidade de tolerar o exercício de longa duração sem fadiga excessiva;
3º) boa endurance anaeróbia aláctica e láctica para compensar os movimentos explosivos e de velocidade prolongada;
4º) nível adequado de gordura corporal;
5º) ser veloz e ágil;
6º) boa habilidade para saltar.

Com o equilíbrio desses requisitos físicos representa uma parte dos fatores que, relacionados a aspectos técnicos e táticos, fornecem as condições necessárias para o rendimento compatível com as exigências do futebol moderno (SILVA et al, 2002).

No Brasil tem sido difícil encontrar um ponto de equilíbrio entre o preparo físico dos atletas e as exigências do cronograma a ser cumprido pelas equipes durante a temporada. O número de jogos e as horas dedicadas às sessões de treinamentos aumentam significativamente, o que torna mais frequente a ocorrência de lesões musculares e oesteoarticulares nos atletas Cohen et al, (1997 apud LEITE; CAVALCANTE NETO, 2003). Em decorrência dessa mudança de visão do futebol, muda-se também o modo de classificação das mesmas. Ikeda e Navega (2008) ao citar a pesquisa de Luthje et al (1996), realizada com jogadores na Finlândia, que detectou que 50% das lesões ocorridas eram classificadas como leve, 36% como moderada e 14% como severas, verifica em anos anteriores uma prática de futebol aparentemente menos agressiva e com lesões mais amenas.

Para Leite e Cavalcante Neto (2003), as lesões se classificam em duas categorias básicas, sendo elas traumáticas ou por excesso de uso. O mesmo autor ainda descreve três categorias de mecanismos de lesão relacionada com esporte: uso excessivo também denominado de overtraining; contato direto é insuficiência de partes moles.
A combinação de variáveis internas e externas pode resultar em diferentes lesões no futebol, com distintos graus de incapacidade nos atletas. Para Cohen e Abdala (2003), estas lesões estão baseadas nos fatores intrínsecos ou pessoais (como idade, lesão previa, instabilidades articulares, preparação física e habilidade). Por outro lado os fatores extrínsecos são a sobrecarga de exercícios, o número excessivo de jogos, a qualidade dos campos, equipamentos (chuteira, roupas) inadequados e violações as regras dos jogos como as faltas excessivas ou jogadas violentas.
No que se refere ao posicionamento dos atletas em campo, segundo Santos e Sandoval (2011), os atacantes se apresentaram em maior número com lesões, seguidos dos zagueiros e laterais, e se relacionado ao fato de que os atacantes e zagueiros utilizam de muito arranque, potência e força física, estes valores são facilmente compreendidos, pois consequentemente são os mais sujeitos a lesão. Estes resultados coincidem com os apresentados por Vasconcelos Júnior e Assis (2010), onde se pode observar que os atletas com maior índice de lesão são os atacantes, com (31,5%) de ocorrências de lesionados.

Estudos apresentados pelos autores Ribeiro et al, (2003); Simões (2005); Cohen, (1997 apud Baldaço et al, 2010) sugerem que, além das características próprias desta modalidade, fatores como alterações posturais, baixo índices de flexibilidade, movimentos desportivos incorretos, equipamentos inadequados, traumas diretos e déficit proprioceptivos nos membros inferiores, principalmente nas articulações de joelho e tornozelo, podem contribuir para ocorrência de lesões.

Veiga et al (2011), contudo, acreditam ser difícil fazer a correlação desses desequilíbrios com lesões sofridas. No seu estudo com 28 atletas de futebol de campo, foram observadas diversas alterações posturais nos atletas como: joelho varo, anteriorização da cabeça, anteversão pélvica, assimetria dos triângulos de Tales e uma diminuição na flexibilidade da cadeia posterior na maioria dos atletas, o que pode demonstrar, dessa forma, uma postura padrão que os jogadores de futebol apresentam. A flexibilidade nestes atletas encontrava-se diminuída, pois o futebol por suas características pode levar a uma rigidez crônica nos praticantes.

Uma característica esperada das lesões do futebol é que se localizem preferencialmente nos membros inferiores. Johnson e Neef (2002) discutem que a extremidade inferior representa em torno de 60 a 80% de todo as lesões e as lesões de tronco, costas, pelves, cabeça e face são as menos frequentes, chegando aproximadamente em 15% das lesões. Silva et al (2008) cita o estudo de Cohen et al, em 1997, que encontrou lesões nas extremidades superiores em apenas 5 a 15% das lesões do futebol, mostrando a pouca variação que ocorreu no futebol quanto ao local de lesão. Estiramentos musculares (músculos do grupo isquiotibial, adutor, e quadríceps) e as contusões da coxa e panturrilha são lesões agudas mais comuns.

Fonte

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