Taping: fazendo moda com saúde


Taping fazendo moda com saúde


Quem acompanhou os últimos torneios de tênis, viu mais do que belas tacadas, desfile de músculos e atletas que mais parecem modelos de revista.
O que virou "moda" entre as tenistas é o "taping", uma espécie de fita de esparadrapo feita por fisioterapeutas para estabilizar a articulação.

O médico fisiatra Gilbert Bang, mestre em ortopedia e traumatologia, de São Paulo, explica que essa bandagem pode ser usada tanto na fase de prevenção de lesões quanto no tratamento. "Na prevenção, ela dá sustentação às áreas que normalmente são submetidas a estresse (esforços repetitivos), reduzindo a frequência ou gravidade das lesões, pois promove aumento da estabilidade articular", diz.

Segundo ele, essa fita moderninha - que na verdade foi usada pela primeira vez em 1986, na Austrália, pelo fisioterapeuta Jenny McConnell - proporcionam estabilidade, agindo no controle muscular. "Ela trabalha sobre os tecidos moles (músculos, tendões, ligamentos) que agem durante o movimento. No caso do joelho, permite o realinhamento da patela resultando no movimento anatômico", explica.

Quando o assunto é tratamento, essa bandagem auxilia na proteção da área lesionada, proporciona compressão, ajudando no controle do edema e diminuindo o estresse. Apesar de auxiliar na prevenção de lesões e suas reincidências, diminuir a gravidade de uma lesão e ainda agir na estabilidade, controlando o processo inflamatório, a bandagem não é um tratamento completo. "Ela faz parte de um programa de reabilitação mais global", afirma o médico, que é membro da Society for Tennis Medicine and Science.

A diferença delas para as joelheiras é que agem de maneira mais individualizada, aplicada de acordo com o desequilíbrio encontrado, com possibilidade de variação de tensões em uma mesma articulação em diversas direções e sentidos. "A joelheira mantém uma tensão generalizada na articulação, servindo apenas como mecanismo proprioceptivo, ou seja, lembrando o cérebro de que aquela região do corpo existe e assim, ocorrem mecanismos reflexos de controle da articulação (ação indireta)".

Outra vantagem da bandagem é que até a dor fica diminuída. Isso porque, segundo Bang, há aumento na velocidade de transmissão de impulsos nervosos das fibras neuromusculares, que acabam percebidas mais cedo que os impulsos responsáveis pela dor. Isso significa que a sensação continua existindo, mas chega ao cérebro depois. "A bandagem funciona como desvio, diminuindo o vetor de força resultante sobre a área com lesão", detalha.

Esse "taping" pode ser usado em lesões de ligamento e articulares (rearranjando a biomecânica dos ossos), lesões de partes moles (como fasciíte plantar), tendinites, distensões musculares (coxa e virilha), prevenção de lesões musculares e controle de movimento articular.

Mas é importantíssimo ressaltar que a fita deve ser preparada por um profissional habilitado e treinado. Para que as tensões da bandagem possam atuar de maneira eficaz, é preciso ser posicionada de maneira correta. "A aplicação errada não gerará tensão suficiente para atingir seus objetivos ou, se aplicada com força excessiva, pode dificultar a circulação, limitar movimentos e criar dor", alerta Bang.

Antes de recorrer às bandagens, é importante lembrar de que é contra-indicado o uso para retorno precoce à atividade física. "Usar para poder praticar esportes é aumentar o risco de reincidência da lesão", diz Bang. Da mesma forma, não se deve usar para controlar uma lesão grave a fim de permitir a participação do atleta em competição. Ele não indica ainda o uso após gelo - tanto pela baixa aderência quanto pelo efeito anestésico do gelo em mascarar sintomas - em crianças e à noite.

Por: Sabrina Passos
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