Kinesio taping, a nova aposta dos atletas olímpicos

A festa olímpica foi das vitórias esmagadoras de Usain Bolt, do recorde de Michael Phelps, das lágrimas de centenas de ganhadores de medalhas. Na festa de cores dos Jogos de Londres, porém, um novo detalhe chamou a atenção de todo o mundo: o que são, afinal, aquelas fitas coloridas coladas aos músculos bem definidos de pernas, braços e troncos? Última moda entre os atletas de alto-rendimento na edição de 2012 das Olimpíadas, as faixas se chamam Kinesio taping, e obviamente não estão lá para enfeitar os corpos torneados. Seu papel é diminuir a dor e dar maior consciência muscular, o que ajudaria a aumentar o desempenho dos atletas. Se funcionam de fato, ainda não se sabe. Mas isso não impediu que as bandagens fossem adotadas por atletas das mais diversas modalidades olímpicas (confira na galeria de imagens)..

Kinesio tape

Aplicação da Kinesio taping

Criada na década de 1970 pelo quiropraxista japonês Kenzo Kase, a fita elástica é mais resistente que as usuais e tem uma qualidade extremamente vantajosa: ela não restringe o movimento. Quando criou a faixa, Kase acreditava que ela replicaria os efeitos benéficos das terapias manuais, como a massagem e a fisioterapia. Segundo o site da empresa que fabrica o tape original, ele pode ser usado para reduzir a dor, reeducar o sistema neuromuscular, melhorar o desempenho, prevenir machucados e aumentar a circulação local. "Dependendo de como a bandagem é aplicada, ela tem uma resposta diferente", diz Karina Santaella, fisioterapeuta especialista na técnica e professora na Universidade Anhembi-Morumbi.

Apesar de ter ganho notoriedade apenas durante as Olimpíadas de Londres, a Kinesio taping já havia sido usada experimentalmente por alguns atletas nos jogos de Pequim, em 2008. A americana Kerri Walsh, medalhista de ouro no vôlei de praia, foi uma das atletas que usaram a então novidade. "Em atletas de alto rendimento é impossível o esporte ser saudável. Se a dor é tolerável, ele vai usar tudo o que tem ao seu alcance para conseguir jogar machucado", diz Marcelo Bannwart Santos, supervisor de Fisioterapia do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo, e membro do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp. Segundo o fisioterapeuta, em cerca de 80% dos casos, o uso da fita tem como objetivo reduzir a dor local, e não melhorar a performance.

Mas é exatamente nesse ponto que a prática esbarra na ciência. De um lado, esportistas e atletas afirmam que a Kinesio taping de fato funciona — e a usam indiscriminadamente durante os jogos. Do outro, pesquisas científicas ainda penam para comprovar algum benefício nas tiras coloridas. "Existe evidência de pequenos benefícios em lesões, mas ainda é preciso que estudos de qualidade sejam feitos", diz Chris Whatman, um dos fisioterapeutas australianos responsáveis pela última meta-análise feita sobre a bandagem. Um dos problemas em se encontrar essas evidências concretas, dizem os especialistas, está no fato de que é difícil mensurar o nível de dor que um atleta sente com e sem a bandagem. "E há sempre o efeito placebo, que pode mascarar resultados", diz Bannwart.

Fonte: VEJA


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