Efeito da Laserterapia de Baixa Intensidade no Tratamento de Lesões Musculares por Esforço em Atletas: Uma Revisão da Literatura








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Após grandes esforços em atividades físicas extenuantes, especialmente com contrações excêntricas, há um declínio no desempenho contrátil do músculo, que normalmente se recupera após descanso (ALMEIDA et al, 2012; LOPES-MARTINS, 2006). A partir desses esforços, a musculatura pode tornar-se mais suscetível a lesões musculares, que representam um dos traumas esportivos mais comuns nos atletas, adiando o retorno à modalidade esportiva por semanas ou meses (BORATO et al, 2008; SENE, SHEMANO, PICADO, 2008; RENNO et al, 2014).

Essa lesão muscular induzida pelo esforço é conhecida como fadiga muscular e tem como características comprometimento do controle motor, diminuição de força e dor muscular tardia (LOPES-MARTINS, 2006; LEAL JÚNIOR et al, 2010). Como causas da fadiga, estão a inibição neural de acoplamento excitação-contração e a hipóxia muscular (LOPES-MARTINS, 2006).

As células musculares lesionadas não são substituídas por células novas. No sistema musculoesquelético são obtidos núcleos satélites adicionais que se multiplicam, diferenciam em miofibrilas e se fundem com as fibras danificadas. Essas células diferenciadas auxiliam na capacidade regenerativa do músculo esquelético por meio de mecanismos intrínsecos, restabelecendo a função contrátil (BORATO et al, 2008; FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).

A laserterapia de baixa intensidade (LBI) é um procedimento fisioterapêutico utilizado nas lesões musculoesqueléticas devido às suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, cicatrizantes, de neoformação vascular e de reparação do músculo esquelético (BORATO et al, 2008; ALVES e ARAÚJO, 2011; MOREIRA et al, 2011; TUMILTY et al, 2012). Albertini et al (2004) afirmaram que há aumento do número de mitose e desenvolvimento de célula epitelial, o que promove um aumento da vascularização e da síntese de colágeno feita pelos fibroblastos no sítio da lesão, ocorrendo melhor organização do tecido após cinco dias de tratamento (REIS et al, 2008).

Borato et al (2008) e Santos et al (2010) relatam que a radiação laser ativa a síntese de proteínas regulatórias das células satélites do músculo esquelético, que irão se diferenciar e regenerar esse tecido após uma lesão.

A LBI também pode retardar a fadiga muscular devido ao aumento da microcirculação local e da função mitocondrial em células musculares, pois transfere elétrons ao longo da cadeia respiratória mitocondrial e gera adenosina tri-fosfato (ATP), inibindo a isquemia local e ativando o metabolismo celular (SANTOS et al, 2010; MACIEL et al, 2013; REIS, NOGUEIRA, 2013; GOMES et al, 2014). Este aumento de energia somado à elevação do gradiente iônico e da neurotransmissão pode aumentar a atividade muscular (MACIEL et al, 2013).

O objetivo deste trabalho é sintetizar os estudos sobre a utilização da LBI nas lesões musculares por esforço, visto que é um tratamento bastante utilizado na prática clínica da fisioterapia com o intuito de devolver o atleta à atividade física com maior desempenho e menor risco de novas lesões.


MATERIAIS E MÉTODOS

Desenho do estudo e coleta de dados:

Revisão de literatura realizada no período de abril a junho de 2014. A pesquisa foi realizada nas bases de dados PEDro, PubMed e SciELO. Os descritores/palavras-chave utilizados foram: "laser terapia de baixa intensidade/ low level laser therapy", "laser terapia e músculo/ laser therapy and muscle", "laser terapia e músculo esquelético/ laser therapy and muscle skeletal".
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Critérios de elegibilidade:

Foram avaliados artigos que abordaram a utilização da radiação laser de baixa intensidade (1 a 300 mW) como tratamento de algum tipo de lesão muscular em atletas. Não houve restrição de data ou idioma. Os trabalhos feitos com diodo terapia (cluster) ou com combinação de mais de um laser (interferencial) não foram incluídos. Também foram excluídos os artigos que utilizavam outro tipo de tratamento para a lesão muscular; estudos realizados com idosos (>60 anos); as publicações em que a lesão muscular era ocasionada por alterações metabólicas, genéticas ou neurológicas; os estudos em que o laser de baixa potência era utilizado em lesão que não fosse muscular, os trabalhos realizados em animais e aqueles artigos que já tinham sido encontrados em base de dados anterior. Apenas os ensaios clínicos foram utilizados.

RESULTADOS

A pesquisa realizada em três bases de dados eletrônicas identificou 420 artigos. Neste grupo havia artigos que não correspondiam ao tema central de estudos, que foram excluídos a partir da pré-seleção feita com a leitura do título e do resumo (abstract). Desta forma, foram pré-selecionados 42 artigos, 24 estavam em duplicidade, restando 18 artigos para a produção deste estudo (Tabela 1).

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Destes 18 artigos incluídos, 3 foram descartados por indisponibilidade ao acesso do texto completo e 10 foram descartados porque, embora no resumo a menção fosse de terapia laser, no corpo do texto a descrição era de terapia com clusters. Na tabela 2 estão os artigos selecionados e suas metodologias. As técnicas e resultados obtidos encontram-se na tabela 3.

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DISCUSSÃO

A fadiga muscular é uma situação muito comum na vida esportiva do atleta, que afeta o desempenho esportivo. Uma das formas de melhorar a performance na atividade física é aumentar a ação muscular, com maior número de repetições e ampliação da força antes da falha de contração muscular.

A literatura revisada apresentou resultados divergentes acerca da efetividade do laser de baixa intensidade (LBI) na recuperação da lesão muscular, devido à diversidade de populações estudadas. Em dois estudos (Leal Júnior et al, 2009b; Maciel et al, 2013) dos seis artigos avaliados, não houve diferenças do trabalho muscular entre os grupos de aplicação de laserterapia de baixa intensidade e grupo placebo. Entretanto, em dois destes trabalhos (Leal Júnior, 2008; Leal Júnior et al, 2009a) houve um aumento do número de repetições de contração muscular após a aplicação do laser, o que representaria uma melhora da performance muscular.

Nos estudos onde foram avaliados o trabalho muscular e a fadiga ao exercício, verificou-se a força através do teste de 1 repetição máxima (1-RM), e dois (Leal Júnior 2008; 2009a) mensuraram a fadiga com contrações de 75% 1-RM por 60 segundos, contando o número de repetições realizadas. Maciel et al (2013) também utilizaram eletromiógrafo para mensuração de força. Os demais autores acoplaram célula de carga a dinamômetro ou computador para verificar força e fadiga. Foi visto que no artigo de Maciel et al (2013) não houve alteração de força e fadiga, mas nos trabalhos de Leal Júnior et al (2008; 2009a) encontrou-se aumento do tempo de contração antes de ser detectada a fadiga.

Maciel et al (2013) aplicaram a menor potência de LBI dos estudos desta revisão (30mW) em atletas de voleibol feminino. Não houve modificação da altura do salto vertical e da distância do salto horizontal após a LBI, assim como não houve alterações da fadiga muscular. Entretanto, no grupo placebo, houve um aumento de atividade elétrica do m. gastrocnêmio lateral durante a plantiflexão isométrica em dinamômetro, com cadeia cinética fechada, que não foi estatisticamente significante.

Esses achados corroboram com os de Leal Júnior (2009b), que não verificaram diferença no trabalho muscular de atletas de vôlei e futebol masculino após a LBI. Porém estes autores acharam uma menor produção de enzima creatina-quinase (biomarcador de lesão muscular) após a LBI, o que representaria um menor dano muscular pelo exercício.

Em contrapartida, os estudos Leal Júnior (2008), Leal Júnior (2009a), e Almeida (2012) verificaram um aumento da força e resistência muscular após aplicação de LBI em atletas de atletas de vôlei masculino, vôlei masculino, e homens, respectivamente.

Por meio da medição de lactato sanguíneo no mesmo membro do exercício três minutos após o término da atividade, Leal Júnior et al (2008, 2009a e 2009b) não encontraram diferença significante na redução da produção de lactato após o exercício no grupo em que foi aplicado a LBI imediatamente antes do teste de fadiga, embora o artigo do ano de 2009b (laser de 830 nm) tenha apresentado níveis menores de lactato no sangue quando comparado ao grupo controle.

Ao analisar os artigos acima descritos, foi verificado que a laserterapia de baixa intensidade contribuiu para aumento da performance muscular antes de haver fadiga, seja por aumento de pico de força ou por aumento da resistência de contração. Entretanto, observou-se que a melhora do desempenho muscular não foi encontrada na mesma proporção nos trabalhos, havendo inclusive um artigo com a menor potência de laser sem benefícios de intervenção. A variedade dos parâmetros de intervenção da laserterapia somado ao pequeno número da amostra podem ser os responsáveis pela discrepância nos resultados, o que dificulta a validação dos resultados obtidos nesta revisão de literatura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora não tenha ocorrido uma unanimidade dos resultados, esta revisão de literatura indica que a laserterapia de baixa intensidade pode atuar aumentando a força e a resistência do músculo, assim como diminuir os níveis de danos musculares após lesões por esforço. Devido a ausência de padronização dos dados e populações, as indicações para a clínica seriam de 100 segundos por ponto, com utilização de 50mW de potência para aumento de força e resistência; para a pesquisa científica seriam necessárias a verificação de quais parâmetros e medidas poderiam auxiliar na redução da produção de lactato e no aumento do trabalho muscular, assim como estudos que avaliassem os efeitos do aumento das dosagens para as medidas de força e fadiga nessa população.

REFERÊNCIAS

ALBERTINI, R. et al. Effects of different protocol doses of low power galliumaluminum- arsenate (Ga-Al-As) laser radiation (650 nm) on carrageenan -induced rat paw o edema. J. Photochem. Photobiol. B., v. 74, p. 101–107, 2004. IN: MOREIRA, F.F. et al. Laserterapia de baixa intensidade na expressão de colágeno após lesão muscular cirúrgica. Fisioterapia e Pesquisa: São Paulo, v. 18, n. 1, p.37-42, jan.-mar. 2011.

ALVES, M.P.T.; ARAÚJO, G.C.R. Laserterapia de baixa intensidade no pós-operatório as síndrome do túnel do carpo. Rev. Bras. Ortop., v. 46, n. 6, p. 697-701, 2011.

ALMEIDA, P. et al. Red (660 nm) and infrared (830 nm) low-level laser therapy in skeletal muscle fatigue in humans: what is better? Lasers Med. Sci., v. 27, p. 453-458, 2012.

BORATO, E. et al. Avaliação imediata da dor e edema em lesão muscular induzida por formalina e tratada com laser 808nm. Rev. Bras. Med. Esporte, v.14, n.5, p. 446-449, set.-out. 2008.

FERNANDES, T.L.; PEDRINELLI, A.; HERNANDEZ, A.J. Lesão muscular – fisiopatologia, diagnóstico, tratamento e apresentação clínica. Rev.Bras. Ortop., v.46, n.3, p.247-255, 2011.

GOMES et al. Efficacy of pre-exercise low-level lasertherapy on isokinetic muscle performance in individuals with type 2 diabetes mellitus: study protocol for a randomized controlled trials. Trials, v. 15, n. 116, p. 1-8, 2014.

LEAL JÚNIOR, E.C.P. et al. Effect of 605-nm low level laser therapy on exercise-induced skeletal muscle fatigue in humans. Photomedicine and Laser Surgery, v. 26, n. 5, 2008.

LEAL JÚNIOR, E.C.P. et al. Effect of 830 nm low-level laser therapy in exercise-induced skeletal muscle fatigue in humans. Lasers Med. Sci, v. 24, n. 3, p. 425-31, mai. 2009a.

LEAL JÚNIOR, E.C.P. et al. Effect of 830 nm low-level laser therapy apllied before high-intensity exercises on skeletal muscle recovery in athletes. Lasers Med. Sci., v. 24, n. 6, p. 857-863, 2009b.

LEAL JÚNIOR, E.C.P. et al. A laserterapia de baixa potência melhora o desempenho muscular mensurado por dinamometria isocinética em humanos. Fisioter. Pesq., v. 17, n.4, p. 317-321, 2010.

LOPES-MARTINS, R.A.B. Effect of low-level laser (Ga-Al-As 655 nm) on skeletal muscle fatigue induced by electrical stimulation in rats. J. Appl. Physiol., v. 101, p. 283-288, jul. 2006.

MACIEL, T.S. et al. A influência do laser 830nm no desempenho do salto de atletas de voleibol feminino. Rev. Bras. Eng. Bioméd, v.29, n.2, p. 199-205, jun. 2013

MOREIRA, F.F. et al. Laserterapia de baixa intensidade na expressão de colágeno após lesão muscular cirúrgica. Fisioterapia e Pesquisa: São Paulo, v. 18, n. 1, p.37-42, jan.-mar. 2011.

REIS, S.R.A. et al. Effect of 670-nm Laser Therapy and Dexamethasone on Tissue Repair: A Histological and Ultrastructural Study. Photomed. Laser Surg. 2008;26:307-13. In: MOREIRA, F.F. et al. Laserterapia de baixa intensidade na expressão de colágeno após lesão muscular cirúrgica. Fisioterapia e Pesquisa: São Paulo, v. 18, n. 1, p.37-42, jan.-mar. 2011.

REIS, F.A.; NOGUEIRA, G.B. Laserterapia nas lesões musculares do esporte. In: Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva; MENDONÇA, L.M.; VEZZANI, S., organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Esportiva e Traumato-ortopédica: Ciclo 2, v.3. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2013.p. 141-166.

RENNO, A.C.M. The effects of Low Level Laser Therapy on Injured Skeletal Muscle. Braz. Arch. Biol. Technol., v.57, n.1,p. 48-54, jan.-fev. 2014

SANTOS, D.R. et al. The low-level laser teraphy on muscle injury recovery: literature review. J. Health Sci. Inst., v. 28, n. 3, p. 286-288, 2010.

SENE, G.L.; SHIMANO, A.C.; PICADO, C.H.F. Recuperação mecânica muscular com laser. Acta Ortop Bras., v; 17, n. 2, p. 46-49, 2008.

TOMA, R.L. et al. Effect of 808 nm low-level laser therapy in exercise-induced skeletal muscle fatigue in elderly woman. Lasers Med. Sci., v. 28, p. 1375-1382, 2013.

TUMILTY, S. et al. Clinical Effectiveness of Low-Level Laser Therapy as an Adjunct to Eccentric Exercise for the Treatment of Achilles' Tendinopathy: A Randomized Controlled Trial. Arch Phys Med Rehabil, v. 93, p. 733-739, 2012.


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