Pliometria e sua Abordagem em Reabilitação Física








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A pliometria é um método de reabilitação física que se utiliza de alta velocidade e alta intensidade de movimentos articulares, enfatizando o desenvolvimento de potência e coordenação muscular, utilizando o ciclo alongamento-encurtamento (CAE), aproveitando-se da força elástica produzida principalmente pelo tecido conjuntivo. [1] O CAE baseia-se no acúmulo de energia potencial elástica. O componente elástico de um determinado grupo muscular é precedido por uma ação excêntrica e a ação concêntrica resultante gera uma força maior. Quando um determinado grupo muscular é colocado em posição de alongamento em um período curto de tempo, gera-se a energia elástica no sentido de contrário ao alongamento, é o que se observa, por exemplo, em um salto sobre cama elástica, no qual o músculo tríceps é rapidamente alongado instantes antes do impulso, e rapidamente produz energia elástica para realização do salto [2].

A pliometria vem sendo denominada por diversos autores como movimentos explosivos com a finalidade de aumentar a potência muscular e a velocidade de um desempenho, de forma a produzir um tipo de resposta muscular explosiva e reativa [1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13]. A pliometria é estruturada de forma a utilizar as características inerentes de estiramento e recuo do músculo esquelético, assim como sua modulação através do reflexo de estiramento ou miotático. A sobrecarga é aplicada ao músculo esquelético de forma a distender rapidamente o músculo imediatamente antes da fase concêntrica ou de encurtamento da contração [4, 9, 14, 15, 16, 17, 18].

Conforme relata Weineck [15] diversas denominações são encontradas para o termo pliometria: Treinamento Pliométrico, Treinamento Reativo, Treinamento de Elasticidade, Treinamento Excêntrico e Treinamento de Saltos em Profundidade. Fleck e Kraemer [19] denominam pliometria de Exercício de Estender e Flexionar e sugerem que os aspectos neurofisiológicos para pliometria estão relacionadas ao CAE.

Aspectos Neurofisiológicos
O CAE é utilizado em várias ações diárias como correr, andar e saltar, nas quais os músculos e tecido conjuntivo comportam-se de maneira a armazenar e transmitir energia elástica às articulações sobre os quais eles se articulam [1, 20, 21]. O modelo conceitual de Hill, citado por Cornu et al [5] e Ugrinowitsch e Barbanti [21], divide a estrutura muscular em três elementos básicos: o elemento contrátil, os elementos elásticos em série e os elementos elásticos em paralelo. O elemento contrátil, componente muscular, é a fonte geradora de energia, pois é constituído pelo complexo actina-miosina, componente responsável pela movimentação articular primária.

Os elementos elásticos em série são responsáveis por acumular e liberar energia potencial elástica, os elementos elásticos em paralelo são os responsáveis pela manutenção da estrutura muscular, opondo resistência ao movimento quando ocorre um alongamento muscular [5, 21]. O potencial elástico dos músculos é utilizado quando há um alongamento ou estiramento muscular. Perante essas situações, existe na ação muscular a produção de trabalho negativo, o qual tem parte de sua energia mecânica absorvida e armazenada na forma de energia potencial elástica nos elementos elásticos em série [22]. Com a passagem da fase excêntrica para concêntrica rapidamente, os músculos podem utilizar esta energia aumentando a geração de força na fase posterior com menor custo metabólico. Porém, se a passagem de uma fase para outro for lenta, a energia potencial elástica será dissipada na forma de calor, não se convertendo em energia cinética [8, 23].

De acordo com Hamill e Knutzen [2], o alongamento que precede a ação muscular concêntrica inicia a estimulação do grupo muscular pela potencialização reflexa. O reflexo de estiramento desencadeia uma atividade tônica nos fusos musculares levando a um aumento da descarga tônica sobre as fibras musculares, até então não ativadas e, deste modo, a um maior desenvolvimento de força na contração. Comentam ainda, que a base neurológica para a pliometria está no impulso do reflexo de estiramento pelos neurônios sensoriais tipo Ia. Quando o músculo é rapidamente alongado, ocorre excitação dos motoneurônios alfa, ocorrendo desta forma a contração reflexa daquele mesmo músculo. Essa excitação é aumentada com a velocidade do alongamento e atinge o máximo na conclusão de um alongamento rápido.

Tipos de Exercícios Pliométricos
Os exercícios pliométricos devem ser estruturados através da intensidade, do volume, da frequência e da recuperação [10]. Alguns exemplos de exercícios pliométricos para membros inferiores são citados: pulos sobre uma só perna, saltos em profundidade de várias alturas, saltitamento sobre degraus, pulos rápidos sobre duas pernas, saltos alternados, saltos sobre banco, saltos com contra movimentos, saltos com agachamento, saltos horizontais com dois pés, saltos laterais com cones, salto carpado, saltos com elevação de ambas às pernas, salto sobre cama elástica, saltos na caixa de areia, dentre outros tipos que são compostos de acordo com a necessidade e estrutura do local no qual se realizam os treinamentos/reabilitação física.

O treinamento pliométrico para membros inferiores é mais utilizado e mais difundido entre os Fisioterapeutas ao treinamento pliométrico para membros superiores, pode-se conferir isto a maior quantidade de lesões em joelho e tornozelo que acomete atletas de varias modalidades esportivas [10, 24, 25, 27]. As atividades pliométricas de membros superiores são descritas como arremessos de medicinebol para frente, arremessos de medicinebol para trás, flexão de braços, abdominais com bola de medicinebol, balanceamento dos braços com halteres, impulsos na parede/solo/bola suíça, movimentos instáveis com uso materiais que causam instabilidades nos membros superiores, dentre outros, cabíveis a cada paciente e disponível nos ambientes de tratamento.

As atividades de membros superiores podem ser melhor implementadas com materiais elásticos [2, 7, 10]. Indicações De acordo com Andrews et al [10], a pliometria foi utilizada inicialmente nos programas de treinamento de atletas fora da fase de competição e só recentemente passou a fazer parte da reabilitação terapêutica pós lesão articular, óssea, muscular ou tendinosa, podendo ser utilizada em programas de prevenção a lesões no esporte de alto nível. A pliometria pode ser indicada para aumentar a velocidade, a potência e a habilidade de movimento do atleta, sendo utilizada somente nos estágios avançados da reabilitação física [1, 10].

No basquetebol, por exemplo, diversas habilidades técnicas envolvem o poder explosivo de membros inferiores, sendo necessárias trabalhos repetitivo para o desenvolvimento da força como acontece no treinamento pela pliometria [24]. Conforme relata Reinold et al [12] em sua pesquisa sobre um programa de reabilitação para beisebol, tênis e golfe, a pliometria deve ser realizada três vezes por semana em dias alternados, sendo um programa essencial para o retorno do atleta à competição. Futebol, voleibol, futebol americano, lançamento de disco, salto à distância, natação, arremesso de peso, balé, entre outras modalidades esportivas, foram citadas na literatura como esportes nos quais se utiliza a pliometria [2, 5, 7, 11, 12, 22, 23, 24]. Fatores favoráveis para indicação da pliometria são o baixo custo, alta eficiência e fácil aplicabilidade [10,24].

Contra-Indicações
A pliometria deve ser usada criteriosamente, pois pode causar lesões por excesso de uso (overusing). Fazem parte das contra indicações absolutas, cirurgias recentes, instabilidades consideráveis, dor, atletas portadores de tendinites, entesites, lesão muscular, fadiga muscular e atleta fora de treinamento/sem condicionamento físico [10].

CONCLUSÃO
A partir da bibliografia consultada, verifica-se que a pliometria é de grande valia na fase final de reabilitação física de atletas das mais diversas modalidades, revelando-se como um tipo de treinamento eficaz, de baixo custo e fácil aplicação. A Fisioterapia necessita de mais pesquisas direcionadas ao uso da pliometria em reabilitação física para comprovação cientifica da sua eficácia com diferentes protocolos nas variadas modalidades esportivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Kisner C, Colby LA. Exercícios Resistidos. Exercícios terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. São Paulo: Manole;1998. 69-90.
2 Hamill J., Knutzen KM. Considerações Musculares sobre o Movimento Humano. São Paulo: Manole; 1999-86-7, 134-6.
3 Hewett TE, Stroupe AL, Nance TA, Noyes FR. Plyometric Training in Female Athletes Decreased Impact Forces and Increased Hamstring Torques. The American Journal of Sports Medicine 1996; 24:765-73.
4 MacArdle WD, Katch FI, Katch VL. Força muscular: Treinando os Músculos para se Tornarem mais fortes. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998.414-5.
5 Cornu C, Silveira MIA, Goubel F. Influence of Plyometric Training on the Mechanical Impedance of the Human Ankle Joint. Eur J Appl Physol 1997, 76:282-8.
6 Sarkey JB. Condicionamento Físico e Saúde, Porto Alegre: ArtMed; 1998.176-177.
7 Dintiman G, Ward B, Tellez T. Pliometria. Velocidade nos Esportes: Programa nº 1 para Atletas. São Paulo: Manole; 1999. 122-56.
8 Greve J M D, Amatuzzi M M. Cinesioterapia. Medicina de Reabilitação Aplicada à Ortopedia e Traumatologia. São Paulo: Roca; 1999.71-2.
9 Witze K A, Snow C M. Effects of Plyometric Jump Training on Bone Mass in Adolescent Girls. Med Sci Sports Exerc 2000; 32:1051-7.
10 Andrews J R, Narrelson G L, Wilk K E. Introdução à Reabilitação. Reabilitação Física das Lesões Desportivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001.136-8.
11 Diallo O, Dore P, Duche E, Praach V. Effects of Plyometric Training Programme on Physical Performance in Prepubescent Soccer Players. J Sports Med Phys Fitness, 2001, 41:342-8.
12 Reinold MM, Wilk KE, Reed J, Crenshaw K, Andrews JR., Internal Sport Programs: Guidelines for Baseball, Tennis and Golf. J Orthop Sports Phys Ther 2002; 32: 293-8.
13 Sizinio H, Xavier R, Pardini GA, Barros TE. Tratamento Fisioterápico para Membro Inferior. Ortopedia e Traumatologia - Princípios e Práticas. Porto Alegre: ArtMed; 1998.800-11.
14 Greg JW, Aron JM, Giorgi A. Weight and Pllyometric Training: Effects on Eccentric and Concentrci Force Production. Can J Appl Physiol 1996; 21:301-15.
15 Weineck J. Treinamento dos Principais Requisitos Motores. Treinamento de Força. São Paulo: Manole; 1998.271-7.
16 Cruz EM. Estudo do Salto Vertical: Uma Análise da Relação de Forças Aplicada. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas 2003.87-114.
17 Finnit, Ikegawa S, Lepola V, Komi PV. Comparison of - Velocity Relationships of Vastus Lateralis Muscle in Isokenetic and in Stretch - Shortening Cycle Exercises. Scandinaviam Physiological Society 2003, 177:483-491.
18 Dorita T, Komi PV, Hämäläinen I, Avelã J. Exhausting Sbatch - Shortening Cycle (SSC). Exercise Causes Greater Impairment in SSC Performance than in pure Concentric Performance. Eur J Appl Phisiol 2003, 88:527-34.
19 Fleck JS, Kraemer JW. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Porto Alegre: ArtMed; 1999. 44-51.
20 Smith KL, Weiss LE, Lhmkuhl DL. Atividade e Força Musculares. Anesiologia Clínica de Brunnstrom. São Paulo: Manole; 1997. 168-71.
21 Ugrinowitsch C, Barbanti VJ. O Ciclo de Alongamento e Encurtamento e a "Performance" no Salto Vertical. Rev. Paul Educ Fis 1998, 12(1): 85-94.
22 Farley CT. Role of the Stretch - Shortening in Jumping. Journal of Applied Bromechanics. 19997; 3(4): 436-9.
23 Moreira A. Basquetebol: Sistema de Treinamento em Bloco - Organização e Controle. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas 2002. 91-116.
24 Santo E, Janeira A M, Maia J A R. Efeitos do Treino e do Destreino Específicos na Força Explosiva: Um Estudo em Jovens Basquetebolistas do Sexo Masculino. Rev. Paul Educ Fis 1997; 11(2): 116-27.

Autores:
Hugo Machado Sanchez*, Eliane Gouveia de Morais Sanchez**
* Mestre em Fisioterapia pelo UNITRI (Centro Universitário do Triângulo)
**Mestre em Educação pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia)

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 900 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/14087/pliometria-e-sua-abordagem-em-reabilitacao-fisica/pagina-1#ixzz2DQMbUOqk





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