Fisioterapia no Handebol de Areia - Beach Handball








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Instituímos após o Campeonato Pan-Americano, visando à preparação para o Campeonato Mundial, um programa de prevenção de lesões denominado Programa Preventivo Beach Handball Brasil 8+, sendo composto de exercícios específicos de estabilização da escápulo-torácica, gleno-umeral, lombo-pélvica e quadril, de exercícios de fortalecimento dos músculos do manguito rotador e do quadril, e de exercícios sensório-motores de membros inferiores e superiores, divididos em 02 níveis de complexidade e evolução. Uma parte deste programa está disponível em vídeos gratuitos no youtube, no canal FisioBeachHandBrasil, no link http://www.youtube.com/user/fisiobeachhandbrasil?feature=results_main


Todo este trabalho foi aplicado em conjunto com a preparação física elaborada pelo Prof. Clodoaldo Dechechi. Esta foi periodizada em um mesociclo de 13 semanas de duração, sendo o primeiro microciclo composto de exercícios de resistência de força realizados na musculação e na areia, em dias alternados, durante 04 semanas. Nas 06 semanas seguintes, iniciou-se o segundo microclico, constituído de exercícios de hipertrofia de membros inferiores e superiores desenvolvidos na musculação. Nosso programa preventivo foi elaborado e adequado respeitando-se esta periodização, e foram aplicados antes dos treinos de musculação como aquecimento para atividade proposta no dia. O volume e a intensidade dos exercícios do programa preventivo foram maiores no primeiro microclico, reduzindo-os durante o segundo microciclo. O terceiro microciclo teve duração de 03 semanas e foi direcionado para exercícios de pliometria e de potência de MMSS e MMII, já realizados presencialmente com o grupo todo na fase de treinamento pré-competitivo em João Pessoa.

 

A nossa atuação durante esta fase foi direcionada, principalmente para a recuperação física dos atletas para os treinamentos. Como a programação do dia era comunicada antecipadamente pela comissão técnica (normalmente eram realizados treinos em 03 períodos, divididos em físico, técnico-tático e coletivo) e, dependendo do tipo, do objetivo, do volume e da intensidade dos mesmos, adequávamos todas as intervenções feitas pela Fisioterapia.

Realizamos atendimentos de Hidroterapia feitos com todo o grupo, através de trabalhos regenerativos, de relaxamento e de alongamentos musculares conforme a indicação no dia, e promovemos o tratamento fisioterapêutico propriamente dito quando houve alguma lesão e foi necessária a retirada momentânea do atleta de algum treino. O propósito da nossa atuação sempre foi de devolvermos o atleta lesionado o mais rápido possível para os treinos e em condições físicas seguras. Utilizamos muito, como condutas terapêuticas, o protocolo PRICE, além de técnicas de Terapia Manual, Massagem Esportiva, Cinesioterapia, Hidroterapia e Bandagens Elásticas (Kinesio Taping).

 


  

Acompanhamos, ainda, dentro da quadra, todos os treinos do dia, e realizamos o pronto-atendimento aos atletas quando foi necessário, na tentativa de minimizarmos ao máximo as possíveis repercussões das lesões instaladas e atuando, de forma imediata, no tratamento das mesmas quando era possível.

As lesões traumáticas mais comuns ocorridas foram as contusões musculares e ósseas, geralmente através do contato direto da bola com a face do atleta (especialmente os goleiros), da queda de um dos atletas defensores (geralmente o lateral ou o central) sobre o lateral atacante, nas ações de tentativa de bloqueio ou interrupção de um passe, ou ainda, em raras ocasiões, através do contato direto de um atleta contra outro de modo proposital ou intencional.

  

 

 

 

 

 

 

 

Outras lesões frequentes foram os traumas diretos ocorridos nos dedos das mãos (contato direto da bola com os dedos, em vários momentos, como na interrupção de um passe, tentativa de bloqueio, recepção ou no gesto de defesa do goleiro) e dos pés (contato direto com outro atleta da defesa, na areia ou nas fitas de demarcação da quadra).

Já as lesões de sobrecarga ocorreram mais frequentemente na articulação do ombro, sendo, em sua maioria, bursites, tendinites do manguito rotador e dores musculares de início tardio em deltoide, trapézio superior, romboides e rotadores laterais de ombro. Foram mais comuns no lado do braço de arremesso e estavam associadas ao aumento do volume e da frequência dos arremessos realizados pelos laterais, pivôs, goleiros e especialistas nos treinos técnico-táticos e coletivos durante o período pré-competitivo, e também pela manutenção constante dos membros superiores em abdução de ombro nos gestos defensivos e bloqueios, especialmente nos defensores centrais e goleiros. Quando estas ocorreram no braço oposto, tiveram uma relação mais direta com o apoio realizado pelo membro no solo após a finalização do arremesso em um salto com giro, principalmente pelos laterais atacantes.

 

Já nos membros inferiores, as lesões de sobrecarga ocorreram mais na perna de salto do atleta, principalmente dos laterais atacantes e pivôs, sendo as tendinites dos músculos flexores e adutores de quadril, dos extensores e flexores de joelho e as dores musculares de início tardio em coxa e tríceps sural as mais incidentes.

As lesões ligamentares de joelho e tornozelo no handebol de areia são incomuns, diferentemente do handebol de quadra, possivelmente pela própria adaptação do atleta e pelo aprimoramento da estabilidade dinâmica destas articulações ocorridas com o treinamento na areia. Porém, quando estas ocorreram, o mecanismo de lesão foi bem específico, decorrente do contato direto de um atleta defensor central ou de um lateral defensor contra o joelho ou tornozelo de um lateral atacante, pivô ou especialista durante a queda, em ações de disputa de bola e bloqueio.

As dores lombares e lesões dos músculos abdominais ocorreram, respectivamente, pelo volume e frequência de saltos solicitados nos treinos e pela própria biomecânica do arremesso no salto com giro.

Durante os 06 dias do Campeonato Mundial, foram realizados 02 jogos diários, com intervalo de 02 horas entre eles, sempre no período noturno em virtude das condições climáticas de Omã. As partidas foram realizadas com uma temperatura ambiente em torno de 35o C e uma umidade relativa em torno dos 25-30%. Portanto, a importância da hidratação antes, durante, entre e após as partidas era fundamental, não só para manutenção da performance, mas também para a saúde geral do atleta.

A rotina da fisioterapia na competição modifica muito pouco quando comparada á fase de treinamento pré-competitivo. A grande diferença percebida se deu na redução drástica do volume e frequência de saltos e arremessos ocorrida em virtude da interrupção dos treinos. Porém, a intensidade destes gestos esportivos aumenta muito durante as partidas, e as lesões de sobrecarga de ombro, coluna vertebral, joelho e quadril também se manifestam neste período. As lesões traumáticas também ocorreram, entretanto, em uma frequência bem reduzida, pois o contato direto nas competições é punido com faltas e exclusões, forçando o atleta a evitá-lo ao máximo.

Realizamos no período da manhã os atendimentos em grupo de Hidroterapia, propondo atividades de relaxamento e alongamentos musculares, porém com duração e intensidade menores e adequamos os horários de atendimento de fisioterapia conforme agendamento das refeições, vídeos, reuniões técnicas e jogos.

Mantivemos basicamente as mesmas condutas terapêuticas propostas na fase de treinamento, porém utilizamos a estrutura física da Clínica de Fisioterapia disponibilizada durante a competição. Aplicamos, em alguns casos específicos e com indicações bem precisas, o LASER e as Correntes Diadinâmicas de Bernard, além de continuarmos acompanhando todos os jogos em quadra e realizarmos o pronto-atendimento quando necessário.

        

 

 

 

 

 

 

 

        

 

Acredito tenha contribuído um pouco, compartilhando algumas informações sobre a nossa rotina diária de trabalho e todo o contexto envolvendo minha prática profissional junto ás Seleções Brasileiras de Handebol de Areia.


A satisfação pessoal e profissional, no final de tudo, fica evidente nas imagens abaixo destes guerreiros e guerreiras! 


Abraços!

Fabrício Rapello Araújo - CREFITO 3 / 66321-F

SONAFE 122

E-mail: fabricioaraujofisio@hotmail.com – Telefone: (13) 914106251


Originalmente aqui



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